quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

All we need is love

7 comentários
♫ ♪ ♫ “...e seja feliz quem
Souber o que é o bem...” ♫ ♪ ♫

Depois de dias enclausurada nas celas da Febém, saiu às ruas. Enfeites por todos os cantos, luzes piscando freneticamente, bonequinhos de neve sorrindo por debaixo daquele nariz de cenoura mal desenhado e um papai Noel falso, sentado numa linda poltrona vermelha decorada magnificamente com dourado.

“Ugh! Isso tudo me dá nojo! Olha como todos parecem impecavelmente felizes, com seus sorrisos mais do que amarelados e narizes arrebitados. Natal só é bom para quem tem dinheiro mesmo!”.

— Hohoho, Feliz Natal! – acenou o papai Noel para a adolescente recém libertada.

Ela apenas o encarou, fuzilando-o com os olhos.

“Detesto essa data!”, pensou.

— Venha cá fazer um pedido natalino, incentivou o velhinho, mas antes que a garota pudesse retribuir com qualquer gesto obsceno ou pequeno movimento revoltado, uma criança passou correndo, pisou em seu pé e sentou no colo do papai Noel.

— Pirralho, não olha por onde anda, não? – resmungou a menina ao continuar seu caminho.

O menino nem deu bola. Apenas fez seu pedido:

— Papai Noel, esse ano eu não quero um carrinho, nem bola, nem videogame de última geração e muito menos um celular novo. Já tenho tudo o que uma criança poderia querer, só não tenho... uma família unida...

Há alguns passos de distância, a adolescente havia estagnado. Não sabia bem o porquê, mas ouvia atentamente cada palavra daquele fedelho que há pouco a importunara.

—... Por isso papai Noel, nesse Natal, eu queria que o senhor fizesse a mamãe Maria e o papai José se entenderem... Só assim eu vou ter o Natal dos meus sonhos... aquele que eu venho esperando há tanto tempo...

Ao escutar aquelas palavra, vindas de um projeto de gente grande, a menina sentiu salgar sua boca. Naquela noite, continuou vagando pelas ruas escuras de São Paulo, espalhando soluços por becos e vielas, incomodando as vizinhanças por não conseguir conter seu sofrimento...

“Ao menos ele tem um pai e uma mãe para chamar de família...”